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Na safra atual, Fecolã estima a produção de 5,5 milhões de toneladas de lã, contra os 5,7 milhões da safra anterior

Fecolã celebra 70anos na Expointer

Entidade marca presença na feira para revigorar setor laneiro como atividade econômica

A Federação das Cooperativas de Lã do Brasil (Fecolã) completou 70 anos de história em 12 de fevereiro de 2022, mas os festejos alusivos à data seguem até o fim do ano. Formada pelas cooperativas Lãs Mauá, de Jaguarão, Lãs de Quaraí, em Quaraí, e Lãs Tejupá, de São Gabriel, a entidade vai comemorar o aniversário do cooperativismo laneiro com três dias de programações na 45ª Expointer, que vai de 27 e agosto a 4 de setembro. Os dirigentes e ovinocultores confraternizarão com a imprensa, produtores e indústrias do setor de 29 a 31 de agosto. Além de celebrar as sete décadas de existência, o objetivo de participar da feira é recuperar o mercado da lã, que, há cerca de 20 anos, perdeu muito espaço para os materiais sintéticos, fabricados artificialmente, com substâncias que não são extraídas diretamente da natureza, como é o caso da lã.
O presidente da Fecolã, Leocádio Bardallo Ledesma, relatou que, hoje, as três cooperativas somam 2,5 mil produtores, número bem menor que quando a entidade contava com 23 organizações associadas. “Desde quando a indústria começou a produzir material sintético, a lã perdeu muita competitividade, pois é um produto mais caro”, disse. O dirigente contou que o atual mercado mundial é abastecido apenas por 1% de lã e 99% por material sintético e algodão, realidade que também se reflete no Rio Grande do Sul. “Antes, a produção anual gaúcha era aproximadamente de 10 mil toneladas de lã, volume que caiu para 4 mil toneladas”, afirmou. O cenário também se expressa nas exportações. Atualmente, o Uruguai é o único comprador, mas a lã já foi enviada para muitos países. “Estamos com lã estocada nos galpões, sem mercado”, lamenta.
O presidente da Cooperativa Mauá, Edison Iunes Ferreira, corrobora essa situação ao mostrar a decadência do volume da safra vendida para o Uruguai. “Na safra 2018/2019, vendemos 9,6 mil toneladas. Na 2019/2020, foram 5,3 mil toneladas; e, na 2020/2021 foram 5,7 mil toneladas. Na safra atual, que ainda não fechou, estimo em torno de 5,5 mil toneladas”, explicou Ferreira.
As raças ovinas produtoras de lã são Merino, Ideal, Corriedale e Romney Marsh. Cada animal produz, em média, quatro quilos de lã por ano, retirados em apenas uma esquila anual. Há produtores que fazem duas tosas, mas a lã pode perder a qualidade. Os ovinos começam a produzir lã com um ano de idade e a vida média ativa é de 7 anos. “Neste período, o investimento é alto para alimentar, medicar e manter um animal desses bem cuidado”, disse Ledesma.
A pandemia contribuiu para enfraquecer ainda mais a atividade, que já vinha passando por percalços. “Ainda não conseguimos nos recuperar, são tempos difíceis, realçou Ledesma. Justamente para alavancar o mercado, a Fecolã, vai estar na Expointer, uma ação para aproximar o setor. “Queremos conversar com produtores e indústrias para mudar essa situação”, adiantou Ledesma.
REIVENÇÃO NA CRISE. Para o futuro, Ledesma aposta na diversificação do setor para recuperar o consumidor, como ampliar o uso da lã em tapeçarias. “Sem fazer críticas às indústrias, mas é preciso diversificar, produzir lã para a fabricação de isolante térmico e isolante sonoro”, exemplificou o dirigente da Fecolã. Edison Ferreira entende esse momento de crise como uma forma de reinvenção para o segmento, já que existe mercado para lãs finas, médias e grossas, sendo que no Rio Grande do Sul, o mercado mais ativo é para as médias e grossas. A China compra, em média, 50% da lã do Uruguai, que por sua vez importa o produto do RS. Todavia, o gigante asiático não importa direto do Estado, situação que busca resolver. “Já enviei uma carta para tentar buscar uma solução para isso”, disse Ferreira.
O presidente da Cooperativa Mauá, conta que, para ele, a história da ovelha não precisa ser narrada pelos ovinocultores, pois está na natureza da raça. “É o único animal que é capaz de suportar de 30°C negativos graus para 40ºC positivos”, destaca. O dirigente explica que a fibra da lã tem essa característica térmica de manter a temperatura do animal, salientando sua versatilidade. “Por isso, ajudaram na colonização de regiões com frio extremo”, lembrou. Ele conta o caso de um produtor na Patagônia chilena que cava um buraco em uma camada espessa de neve e tira dali ovinos vivos. “Somente um animal com lã como a da ovelha suportaria ficar quatro dias debaixo da neve”, completou.

Correio do Povo – 26 de agosto de 2022 – Página 10

Editora: Nereida Vergara
Editora assistente: Thaise Teixeira

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